Como criar hábitos sustentáveis?
Case fictício Ecoletas: estratégias de experiência do usuário para ouvir as necessidades e oferecer uma solução.
Durante o mês de maio de 2021 participei da 9ª edição do Ux na Prática com o professor Allan Cardozo. Antes de estudar metodologias ágeis e estratégias de design de produto a turma foi dividida em três grupos e nós ficamos com o tema sustentabilidade. No primeiro momento tivemos muitas sugestões sobre o problema mas iniciamos com a Desk Research. A pesquisa de mesa serve para levantar conteúdos, que fontes confiáveis já produziram sobre o tema, e estudos com embasamento científico que podem nos auxiliar.
No Brasil aproximadamente 35 milhões de pessoas vivem sem água tratada e a maioria das cidades não possui locais adequados para tratamento do lixo. Em 2021 a política nacional de resíduos sólidos completa 11 anos e ,por lei, todos os lixões deveriam ser desativados em 2014. Hoje 24% da população, mais de 50 milhões de pessoas, vive sem planejamento de sustentabilidade.
Questões iniciais sobre a solução:
- Produto será digital ou físico?
- As pessoas usuárias serão ONG’s, empresas parceiras ou pessoas físicas?
- É viável criar aplicativo para celular ou desktop?
- Internet das Coisas?
- Redes sociais?
Quem utilizaria?
- Primário: usuário, consumidor e colaboradores.
- Secundário: CEO, Desenvolvedores, empresas.
- Terciário: empresas parceiras, ONG’s, Cooperativas, governo.
Ux Canvas, Matriz CPS e matriz CSD nos auxiliaram para criar algumas proto personas e aqui também acreditávamos que as pessoas mais interessadas no tema estavam na faixa etária acima de 60 anos.
Conversamos para criar dois questionários, aplicar pesquisas quantitativas e qualitativas e coletar respostas para saber mais sobre os desafios que existem na hora de criar hábitos sustentáveis, com os dados das matérias e pesquisas também foi possível observar como a desigualdade e a falta de serviços básicos afeta brasileiros e brasileiras.
As respostas ajudam muito e aqui já conseguimos o perfil das personas, elas facilitaram o entendimento sobre pensamentos e necessidades de quem vai utilizar a solução e vão guiar nossas ideias daqui pra frente. Certamente existem muitas definições de design e ouvir com atenção sem colocar nosso modo de pensar é fundamental para desenvolver boas soluções. Nossa suposição era que pessoas com idade acima de 60 anos eram as mais interessadas no assunto mas a pesquisa trouxe uma resposta diferente, no nosso universo de 114 pessoas a solução tem um foco em quem está na faixa dos 20 aos 30 anos.
Nasceram os perfis #ecoentusiasta e #ecoativista com o objetivo de nos familiarizar e criar um rosto para tudo, o que coletamos eram apenas dados. Só quando estão juntos eles podem se transformar em informação.
Aqui também conseguimos montar o nosso mapa de jornada, existem muitas versões gratuitas na internet, e o objetivo dele é documentar sentimentos e necessidades que estão presentes durante o caminho que será percorrido para inserir a nossa solução em algum momento do dia. Ele nos mostra o que acontece para motivar uma pessoa a utilizar o produto.
Como nada se cria, já existem no mercado algumas soluções que também perceberam os desafios do nosso país e decidiram ajudar a população na busca de hábitos sustentáveis. Antes de chegar nas ferramentas de prototipação queremos saber o que nosso produto tem como diferencial, nessa hora podemos pesquisar a concorrência. Tanto para saber o que já fazem como para entender o que também podemos fazer. No primeiro momento a nossa possibilidade de negócio é a calculadora de impacto ambiental e o totem de descarte nas grandes redes de supermercado que podem se tornar nossas parceiras.
Algumas palavras apareceram com frequência nas respostas e entendemos que o contato com novos grupos fortalecia esse novo estilo de vida, também percebemos que sentiam falta de um lugar para buscar novas informações. Nossa solução é um aplicativo, o Ecoletas, a comunicação utiliza uma linguagem acessível sem termos técnicos para gerar descobertas e desmistificar alguns tabus que identificamos. A palavra facilidade, informações e dicas apareceu com frequência e decidimos conduzir as conversas com simplicidade para que seja capaz de responder a pergunta central: como você pode ser uma pessoa mais sustentável? O foco do curso era generalista mas conseguimos aplicar algumas técnicas de Ux Writing que aprendi em outro curso e contei aqui.
Como já encontramos uma proposta, chegamos na etapa do protótipo de baixa fidelidade. Sem softwares, o papel e os anseios das pessoas usuárias são as ferramentas.
Cada integrante imaginou o produto de uma forma e assim votamos nas features, em português recursos, que acreditamos ser mais interessantes. Seguimos agora para a primeira versão do produto, aqui já é possível usar o software, fizemos no figma, e aplicar o teste de usabilidade para avaliar a impressão das pessoas.
Protótipo: baixa resolução
Tarefa: encontrar um ponto de coleta próximo.
Usuários: 3
Duração: 4 a 5 minutos
Percepções positivas: fácil de usar e muito útil para resolver o problema central.
Sugestões: substituir waze por Google maps, inserir detalhes dos pontos de coleta.
Opção favoritar foi bem aceita pelos 3 usuários.
Palavras ou expressões: fácil, tranquilo, instalado, buscar localização.
É muito importante não direcionar os cliques e testar com um público que não seja tão familiarizado com as redes sociais, assim teremos mais chances de chegar mais perto da realidade.
Tivemos uma banca com profissionais da área e apresentamos o Ecoletas, após as ressalvas chegamos no no MVP, mínimo produto viável, anotamos tudo para fazer os ajustes no projeto e encerramos o curso com uma visão muito legal sobre desenvolver produtos. Não significa que acabou, design é sobre desenvolver, pesquisar, testar e ajustar sempre para resolver problemas que já existem mas também sobre novos desafios que podem surgir.
Agradecimento para essa equipe super especial: Ana Inácio, Peter Bungart, Renato Nova e Vinícius Ribeiro. Todos foram muito importantes para me ajudar na descoberta de criar pensando em oferecer as melhores experiências para as pessoas usuárias.
Também agradeço os professores Luiz Rezende e Allan Cardozo, membros de uma comunidade extremamente acolhedora, que me motivaram a descobrir o universo do ux e a usar tecnologias para criar alternativas capazes de diminuir nossos problemas sociais.